sexta-feira, 22 de maio de 2009

A bênção ou o Deus da bênção?


“E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou.” Hebreus 12: 16-17


Esaú, como muitos conhecem a história, era o filho mais velho de Isaque, o segundo patriarca dos israelitas, e, portanto, possuidor do direito de primogenitura. A primogenitura conferia ao seu detentor o direito de, após a morte de seu pai, receber porção dobrada na divisão dos bens da família. E se fosse o caso, o primogênito também receberia o direito de suceder seu pai no Trono Real. Esses privilégios eram sem dúvida muito preciosos naquela época.



Contudo, ao lermos o relato das Escrituras em Gênesis 25: 29-34 observamos que Esaú quando voltou exausto do campo, num momento de insensatez, pensando apenas no imediato, vendeu o seu direito de primogenitura ao seu irmão Jacó por uma simples refeição! Um ensopado de lentilhas.



O que entristece caro leitor, é que em nossos dias esse episódio se repete muito mais do que poderíamos imaginar.

Notamos que diariamente em nossa sociedade, incluindo cristãos, as pessoas estão correndo em busca de soluções imediatas para seus problemas que também parecem ser imediatos. Pessoas que trocam direitos e privilégios tão grandes por coisas tão breves e pequenas. Casamentos são destruídos por tolos atos de descontrole ou pela falta de sensibilidade e domínio próprio dos cônjuges, o que acaba levando à traição, ao adultério, entre outras práticas pecaminosas. Semelhantemente, famílias são arruinadas pelos vícios do álcool, do jogo e das drogas.


Em busca de saciedade, de matar a fome da alma, sedemos à nossa natureza humana e caímos nas garras do adversário – e este não perde tempo! Por meio do pecado vai nos arrastando às mais densas trevas, onde a morte paira e a destruição ri-se contemplando nossa iminente derrota.
O abismo que nos separa de Deus neste momento é tão grande que não há nada além da cruz de Jesus que o possa transpor. Ele disse certa vez:“... eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” (Mt. 9: 13b).



E esse arrependimento precisa gerar em nós um sincero pedido de perdão àquele que é Justo e Santo. “... e com a boca se faz confissão para a salvação.” (Rm. 10: 10b). E agora chegamos ao ponto-chave da questão.



Vamos rapidamente rever o que diz o texto de Hebreus 12: “Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou” (v. 17).



Por que Esaú foi rejeitado em sua súplica? Por que ele não achou lugar de arrependimento mesmo tendo-o buscado com choro e lágrimas?



Talvez isso já tenha acontecido com você.



Chorou, chorou, orou e orou até perder as forças esperando o alívio em seu coração pelo perdão de Deus, mas não o encontrou. Mesmo após tamanho esforço, continuou com o peso da culpa sobre seus ombros.



Ao que parece Esaú estava mais preocupado com a bênção que ele perdeu (o direito de primogenitura) do que o fato dele ter entristecido ao Senhor no momento em que imprudentemente, como que brincando com coisa séria, vendeu o que tinha de mais precioso.



Deus sempre se mostrou a humanidade como um ser pessoal, um Deus que está próximo de nós e que nos conhece profundamente. Ao mesmo tempo em que se declara nosso Pai, Ele também é nosso amigo. “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” (Jo. 15: 13).



O que acontece é que tantas vezes estamos mais interessados na bênção de Deus do que no Deus da bênção. O mundo moderno tem feito de Deus um objeto de enriquecimento e reconhecimento pessoal. Como uma espécie de Gênio da Lâmpada que está ao nosso dispor para o que precisarmos. Seja para recebermos uma cura, um carro novo ou ir bem num exame escolar. Não interessa o que ele vai sentir se desobedecermos às regras de vida que ele propôs, afinal, ele é tão bonzinho, dizem. Querido leitor, não estou dizendo que não devemos buscar bênçãos como essas de nosso Senhor. Muito pelo contrário! Quero destacar o que acontece no momento em que estamos a pecar. Nossa mente costuma se fechar para Deus. Ele é muito mais do que um simples objeto. Assim como não queremos magoar nossos amigos, também devemos fugir de “magoar” a Deus com a prática do pecado em nossas vidas.



Concluindo, em detrimento à infeliz atitude de Esaú vista anteriormente, veja um trecho da fala de José no Egito quando a mulher de Faraó quis adulterar com ele:

“Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como pois faria eu tamanha maldade, e pecaria contra Deus?” (Gn. 39.9)


Será que José estava preocupado com a posição que ocupava no grande império faraônico ou com todos os privilégios que, apesar de ser escravo, tinha como governador do Egito? Não! Está claro no texto sagrado que a sua maior preocupação foi a de não pecar contra o seu Deus.



Que possamos nos conscientizar de que, o verdadeiro arrependimento se dá não quando olhamos para os “direitos” que perdemos, mas sim quando nos sentimos realmente culpados por termos desapontado tão fortemente nosso Pai e Amigo. Aí então podemos achar “lugar de arrependimento” perante o Senhor e sermos livres de toda culpa. E que acima das bênçãos que o Senhor nos dá, sejamos conscientes que Ele deseja ter um relacionamento mais íntimo conosco, deseja ouvir a nossa voz conversando com Ele em oração, deseja manter conosco um contato profundo e intenso em fé até a volta de Seu Filho Jesus Cristo.



Deus deseja que o tratemos com o amor e o cuidado com que ele nos trata.



“Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.” I João 4:19



Autor: Arildo Gomes

05/11/2008

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